Nos últimos anos, o comércio eletrônico tem se expandido de maneira significativa, proporcionando aos consumidores acesso a uma variedade de produtos de diferentes partes do mundo. 

Com a crescente popularidade das compras online, os varejistas internacionais tornaram-se uma opção atraente para os consumidores, oferecendo uma ampla gama de produtos e preços competitivos. 

Questões relacionadas à exigência e à arrecadação de impostos têm sido alvo de debates acalorados, especialmente quando se trata do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e a respectiva taxação em 17%.

“Os Estados decidiram unificar em 17% a alíquota do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre compras feitas em plataformas estrangeiras de comércio eletrônico, como Shein, Shopee e AliExpress.” (Mercado & Consumo, 03/06/2023)

Neste artigo, exploraremos a questão das compras de varejistas internacionais, agora, com 17% de ICMS e o que há por trás de tal decisão.

A importância do ICMS para os estados

O ICMS é um imposto estadual que incide sobre a circulação de mercadorias e serviços. É uma das principais fontes de arrecadação para os estados brasileiros e desempenha um papel crucial no financiamento de políticas públicas, como educação, saúde e segurança.

“O Comsefaz (Comitê Nacional de Secretários de Fazenda dos Estados e do Distrito Federal) decidiu, por unanimidade, fixar alíquota de 17% no ICMS […] para compras feitas em sites de varejistas internacionais. […] o Ministério da Fazenda disse que, para concretizar a decisão do Comsefaz, é necessária a celebração de um convênio com o Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária). Esse convênio, porém, ainda não foi firmado.” (UOL, 02/06/2023).

A alíquota do ICMS pode variar de estado para estado, e essa diferença pode impactar diretamente a concorrência dos varejistas e o comportamento de consumo dos indivíduos.

“O diretor do Comsefaz explicou que a alíquota comum, de 17%, ainda não está em vigor porque antes será preciso editar um convênio de ICMS para implementar a mudança. Hoje, as alíquotas aplicadas nesse tipo de operação variam de estado para estado. De acordo com o comitê, foi escolhida a cobrança de 17% porque é a menor alíquota modal aplicável no país. […] A definição de uma alíquota uniforme de ICMS, por parte dos Estados, era uma etapa necessária para a implementação do plano de conformidade do governo federal com os e-commerces globais – principalmente sites chineses, extremamente populares no país, como a Shein.” (G1, 02/06/2023)

O que é alíquota modal?

“A alíquota modal é a utilizada para tributar com ICMS todas as mercadorias que não tem alíquotas específicas, ou seja, é a alíquota utilizada para tributar a maioria das vendas sujeitas ao imposto.” (CNN Brasil, 02/06/2023)

Com a facilidade de compra pela internet, muitos consumidores optaram por adquirir produtos de varejistas internacionais. Essa escolha se dá principalmente pelos preços mais baixos oferecidos por essas empresas, devido a uma série de fatores, como a diferença cambial e isenção de certos impostos. 

Impactos da alíquota de 17% de ICMS

O comércio eletrônico tem experimentado um crescimento exponencial nos últimos anos, impulsionado pela facilidade de acesso à internet e pela variedade de produtos oferecidos por varejistas internacionais.

No entanto, essa popularidade crescente trouxe à tona a necessidade de regulação clara quanto à interação dessas transações. 

Nesse contexto, recentemente, os estados brasileiros decidiram fixar o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em 17% para compras realizadas por varejistas internacionais. 

“A avaliação é de que ela pode dar mais competitividade e equalizar o sistema tributário em relação às empresas nacionais. Hoje, a alíquota para esse tipo de operação varia conforme o estado.”  (UOL, 02/06/2023).

Uma das principais preocupações é o impacto no preço final dos produtos para os consumidores. Com uma carga tributária mais elevada, é possível que os preços das mercadorias importadas aumentem, tornando-as menos competitivas em relação aos produtos nacionais.

Isso pode levar a uma redução na demanda por compras internacionais e afetar a diversidade de produtos disponíveis no mercado.

Qual a motivação por trás dessa decisão?

Equilíbrio na concorrência

A fixação do ICMS em 17% visa criar um ambiente de concorrência mais equilibrado entre os varejistas nacionais e os varejistas internacionais. 

Historicamente, as compras realizadas em lojas virtuais internacionais (Shein, Shopee, AliExpress, eBay, entre outras) têm se beneficiado de preços mais baixos, muitas vezes devido à ausência de impostos ou à aplicação de alíquotas reduzidas. 

Essa situação é percebida como uma concorrência desleal por varejistas nacionais, que precisam arcar com uma carga tributária mais alta. Fixar uma alíquota de ICMS padronizada para compras internacionais ajuda a nivelar o campo de jogo entre esses dois segmentos do comércio.

Evitar a perda de arrecadação de impostos

Outra motivação importante é a preocupação dos Estados com a perda de arrecadação de impostos. 

Quando os consumidores optam por comprar de varejistas estrangeiros, muitas vezes os impostos aplicados são menores ou inexistentes, o que resulta em uma perda de receita para os estados.

Com o crescimento constante das compras online, essa prática reduz a receita gerada pelo ICMS. Fixar o imposto em 17%, portanto, visa aumentar a arrecadação e compensar a perda de receita causada por essas transações internacionais.

“Com uma mercadoria comprada sem nota, o estado não tem como agir na segurança, na saúde pública, prejudica o mercado nacional. Tem muitas perspectivas de ganho, claro que é interesse nosso que seja efetivado o quanto antes”, disse André Horta, diretor institucional do Comitê Nacional de Secretários da Fazenda, Finanças, Receita ou Tributação dos Estados e do Distrito Federal (Comsefaz)” (CNN Brasil, 02/06/2023)

Equidade tributária

Uma das principais motivações por trás da fixação do ICMS em 17% é buscar uma maior equidade tributária entre as empresas estrangeiras e as empresas nacionais. 

A ideia é evitar a chamada “concorrência desleal”, na qual os varejistas internacionais se beneficiam de uma carga tributária menor em comparação com os varejistas locais, que enfrentam uma carga tributária nacional e estadual, tornando seus produtos mais caros.

Isso pode prejudicar a competitividade dessas empresas e impactar a ocupação da economia local.

Ou seja, com uma alíquota padronizada, todos os varejistas serão representados pela mesma carga tributária, evitando-se distorções entre concorrentes. Isso cria um ambiente mais justo para o setor de comércio, permitindo que os varejistas nacionais tenham condições semelhantes de competir com os estrangeiros.

Incentivo à indústria e comércio local

A fixação do ICMS em 17% também pode ser vista como uma forma de incentivar a indústria e o comércio nacional. 

Ao criar um ambiente tributário mais equilibrado, espera-se que os consumidores direcionem as suas compras para empresas nacionais, fortalecendo a economia interna e estimulando o crescimento do setor.

Comportamento de consumo 

A alíquota de 17% de ICMS pode afetar o comportamento de consumo dos indivíduos.  Com a cobrança do imposto no momento da entrega do produto, muitos consumidores podem se sentir desestimulados a realizar compras internacionais devido ao valor adicional a ser pago.

Isso pode levar a uma redução nas internacionais e no acesso a produtos diversos, prejudicando a livre concorrência e a escolha dos consumidores.

Desafios e questões éticas

Apesar da alíquota de 17% de ICMS ser uma tentativa de equilibrar o mercado, existem desafios e questões éticas envolvidas. Um dos principais desafios é garantir que essa taxa seja devidamente cobrada e repassada aos cofres públicos. 

É necessário assegurar que a fiscalização e a aplicação da legislação sejam eficientes, evitando a sonegação fiscal e a concorrência desleal. A falta de transparência e a complexidade do sistema tributário podem dificultar a fiscalização e abrir brechas para a evasão fiscal.

Isso pode envolver a colaboração com plataformas de comércio eletrônico e serviços fiscais, além do uso de tecnologias de rastreamento e sistemas de análise de dados.

Concluindo…

A fixação do ICMS em 17% para compras de varejistas internacionais visa, principalmente, promover a equidade tributária, aumentar a arrecadação estadual e fortalecer a indústria nacional.

No entanto, existem desafios a serem enfrentados, incluindo o impacto nos preços finais dos produtos e a garantia de uma fiscalização efetiva.

É importante buscar soluções que equilibrem a competitividade entre os varejistas, garantindo condições justas de mercado e que, ao mesmo tempo, respeitem os princípios éticos e a arrecadação de impostos necessários para o desenvolvimento dos Estados. 

Entendemos que é essencial evitar a criação de barreiras comerciais excessivas que possam prejudicar a competitividade e a diversidade de produtos disponíveis para os consumidores. 

Incentivos para os varejistas locais, como apoio ao empreendedorismo e à inovação, podem fortalecer o setor nacional e torná-lo mais competitivo sem violar princípios éticos e acordos comerciais.

Por fim, vale enfatizar que a busca por soluções que equilibrem a competitividade, simplificando o sistema tributário e incentivando os varejistas locais é essencial para promover um ambiente de comércio eletrônico internacional mais equilibrado.

Essas medidas devem ser implementadas com cuidado, de forma a seguir os princípios éticos e os acordos comerciais, evitando barreiras comerciais excessivas. O objetivo final é garantir um mercado justo e transparente,

Diante de todo esse contexto, a Rei se mantém com o radar ligado em todas as vertentes relacionadas às decisões sobre essa taxação e seus reflexos no comércio eletrônico, uma vez que todo esse movimento envolve a questão da estratégia, criação, gestão e otimização das campanhas de anúncios pagos dos clientes, com foco em gerar tráfego e conversões. 

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